domingo, 27 de março de 2011

O Sentido da Morte



Estou muito sentido com deus, porque, a existir, está de sobremaneira a dificultar-me a vida, já que, tendo supostamente criado esta criatura (aka. Eu) da forma que criou, ou seja, descrente, leva-me a pensar que quando morrer não existirá nada. E isso é o pior que um ser humano pode pensar, o que acaba por ser chato, porque pensar em algo tão, vá lá, mau, tende a deprimir (por acaso a mim não me deprime portanto algo de mal se passa comigo).
O facto de eu não acreditar em algo para além da morte, é uma desvantagem relativamente a quem acredita que irá para um sítio melhor, no sentido em que me impossibilita pensar de uma forma mais leviana sobre a vida. Vou ter sempre que pensar que ali é o fim e a partir dali nada mais interessa. Mesmo que nós, descrentes, depois tenhamos razão, os crentes nunca irão perceber que não existe nada, ou seja, a derrota é certa para os descrentes. Ou estamos certos, morremos e depois vazio, ou estamos errados, e sofremos depois as consequências desse nosso pensamento de putativo intelectual.
Os crentes acalentam sempre a esperança de algo após tudo isto, sentem-se talvez mais confortáveis com a vida, os descrentes carregam consigo o fardo do finito. A descrença é portanto algo de muito negro e prejudicial, e torna sem sentido a vida, já que vamos falecer e depois não haverá coisa alguma. Sem sentido, mas norteada, com objectivos, e para ser gerida com a ligeireza com que falamos da morte. A solução para nós (ateus e não crentes em geral) será portanto aligeirar tudo isto, brincar com isto, submeter tudo isto ao ridículo, e em último recurso não pensar nisto (pouco provável).
Assim se alguma vez me ouvirem falar de morte, de gozar com morte, etc., pensem que é a minha forma de lidar com ela. 

Sem comentários:

Enviar um comentário